Eu estava em um lugar seguro. Era quentinho e confortável? Não. Mas era
seguro. E assim era suficiente pra mim. Era suficiente porque eu duvidava que
um lugar pudesse ser quentinho e seguro. Repentinamente me atraíram para fora
do buraco onde me enfiei, e eu simplesmente botei a cara no mundo… a cara… e o
coração.
Agora estou aqui, sendo jogada pra fora do lugar quentinho e seguro (ou pelo menos que eu pensava ser seguro), e tendo que voltar pro lugar de onde eu não deveria ter saído. E que, sabidamente, não é confortável.
É como se, no caminho, algumas placas dissessem: “Eu te avisei pra não sair.”; “Viu como você é sozinha?”; “Por que você foi tão displicente?”.
Meu coração busca, inutilmente, algum meio de dissipar um sentimento de inferioridade (que achei que tivesse sido apagado), pra acalmar minha baixa autoestima (que pensei estar melhor do que está), pra fazer com que eu me conforme com o que eu tinha, porque o que apareceu foi apenas o vislumbre de algo bom que, agora tenho certeza, não mereço.
É uma dor tão grande…
Me surpreendo, negativamente, como minhas dores do passado voltam e se apoderam de mim. É como se eu voltasse a ouvir minha família me dizer que nunca vou ser algo, que não vou vingar*… é como se eu não tivesse o direito de ter alguém por perto… alguém para dizer que me admira, para olhar pra mim e enxergar dentro do meu coração… eu estava bem feliz por poder compartilhar as coisas da faculdade com alguém, compartilhar meu entendimento sobre “a vida, o universo e tudo mais”**... mas eu já estava acostumada a não ter isso, sabe?! Conformada, até… aí veio o universo e arrancou de mim, sem dó nem piedade... o quentinho...
No fim das contas, acho que é só o universo dizendo: “Viva e morra sozinha. Sem amigos, sem parceiro, sem família. É o que você merece!”
Que dor horrível eu sinto agora, quanto tenho que reencontrar a solidão com a qual eu já estava tão familiarizada… tão acostumada… tão apegada…
Nesse momento, nesse exato momento, quero apenas que pare de doer e que eu consiga me (re)acomodar no lugar que é só seguro. Por que é tão difícil? Por quê?
Eu só queria um colo… mas até meus amigos o universo quis deixar longe
de mim.
*Não me refiro a algum tipo de vingança.
**Amo O guia do mochileiro das galáxias (Douglas Adams)
sara@cotovialiteraria.com.br
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